O forte avanço da avaliação positiva de Bolsonaro, que cresceu 10 pontos (23% para 33%) em Belo Horizonte neste semestre, pode ser atribuído sem erro à melhora do ambiente econômico e das expectativas do eleitor em relação ao Brasil. A série de quatro pesquisas que embasou a nossa análise foram feitas pelo instituto Quaest para a CDL-BH nos meses de maio, julho, setembro e novembro. Nesse período, principalmente a partir de setembro, houve sensível aumento do otimismo entre os mineiros da capital.
Os gráficos que descrevem a evolução da opinião pública nesses últimos seis meses mostram que tudo está melhorando. A começar pelo humor do eleitor. No levantamento mais recente, nada menos que 75% disseram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida atual. De julho para novembro, dobrou o número de entrevistados confiantes em que a sua situação irá melhorar; esses otimistas eram 22% e agora são metade do eleitorado, 49%, superando pela primeira vez o índice dos que esperam situação igual, 36%, e dando um banho nos pessimistas, que apostam em piora das finanças pessoais, 14%.
Ressalte-se o baixo índice de pessimismo, muito inferior ao de eleitores que rejeitam Bolsonaro, que está em 38%. Ou seja, nem os anti-bolsonaristas estão apostando no pior; mesmo reprovando o presidente, a maioria acha que vai melhorar de vida ou pelo menos manter o que tem.
Outro dado da pesquisa de novembro reforça a confiança elevada dos eleitores no futuro imediato: 61% dos entrevistados disseram acreditar que 2020 será melhor, contra 25% que esperam igual e só 11% pior. Aqui se desconta a tendência natural das pessoas a ver com olhos de esperança os seus projetos, o seu horizonte. Quando se coloca diante delas o futuro do país, o otimismo dá lugar à cautela. Mas a leitura dos números ainda mostra uma tendência claramente positiva para Bolsonaro e seu governo.
Em maio, apenas 18% acreditavam em melhora na situação brasileira. Em setembro esse índice subiu para 24% e daí escalou para 33% em novembro; uma alta acumulada de 15 pontos no otimismo com o país. Por outro lado, os que veem o país parado caíram de 56% para 42% no período, menos 14 pontos. A migração desse grupo para o de otimistas é nítida, já que a turma dos pessimistas com o Brasil permaneceu praticamente estáveis: eram 26% e agora são 25%.
A sensação de alívio financeiro e o aumento do otimismo em BH coincidem com uma melhora dos indicadores econômicos no país, favorecidos por uma reação do consumo aos estímulos dos juros baixinhos, da queda do desemprego aberto e, especialmente, da liberação de recursos do FGTS. É a economia que está impulsionando o aumento da popularidade de Bolsonaro.
Há o reverso da medalha. Se a leve retomada econômica nestes meses finais de 2019 for apenas um voo de galinha, não se sustentando ao longo do ano que vem, a frustração das expectativas poderá derrubar de novo a confiança no governo e a popularidade do presidente. Bolsonaro depende de Guedes, mais do que qualquer outro.