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Que o Brasil precisa cortar gastos públicos, ninguém discute. Afinal, não há outra maneira de reduzir o déficit de R$ 140 bilhões que se anuncia para 2019. Como aumentar substancialmente a receita está fora de questão em uma economia estagnada, a única dúvida é onde cortar. Certamente não seria contingenciando recursos de pesquisas nas universidades federais, como decidiu Bolsonaro. Ou adiando investimentos em infraestrutura, como fez Temer. Estes cortes terão um custo alto que, mais cedo ou mais tarde, teremos que pagar com juros altíssimos.
O ‘quase-trilhão’ que Paulo Guedes quer economizar em dez anos com a nova previdência poderia vir de outros cortes, mais profundos, porém mais justos. Afinal, são todos os brasileiros que, com seus impostos, pagam os salários estratosféricos dos magnatas da máquina pública. Para economizar 1 trilhão, bastaria cortar privilégios do alto escalão dos três poderes, sustenta o escritor Frederico Rochaferreira, em artigo para o site Justificando.
“Só com auxílio-alimentação, auxílio pré-escola e auxílio-transporte dos servidores do alto escalão dos três poderes o governo gasta R$ 3,8 bilhões anuais”, exemplifica. “Do mesmo modo, cortar os gastos com o auxílio-moradia para juízes, muitos com casa própria, faria o Estado brasileiro economizar um montante em torno de R$ 4,7 bilhões, valor que poderia ser somado a mais R$ 1,15 bilhão se o período de férias da magistratura passasse de 60 para 30 dias”, completa o escritor.
O mais revoltante em dados como esses é que os salários desses ‘marajás’, como já foram chamados no passado, já são exorbitantes, quando comparados à média brasileira. Mais de 70% deles estouram o teto constitucional de quase R$ 40 mil e, mesmo assim, somos chamados, nós os contribuintes, a custear diversos penduricalhos, muitos deles autoconcedidos. Criatividade não falta: o privilégio a mais pode ser um caprichado ticket-restaurante, a universidade dos filhos ou um tranquilizador plano de saúde – que diga-se de passagem os brasileiros comuns estão deixando de pagar engrossar as filas do SUS.
Já que não consegue prover o básico para seus cidadãos, a cada dia fica mais claro que o país não tem dinheiro para pagar essa conta. E que, se nossos magistrados, políticos e executivos de estatais fossem remunerados como seus congêneres na Suécia ou na Noruega, ou mesmo na França, simplesmente não haveria déficit. Só para ter uma ideia de como a vida é boa para esse pessoal, o teto salarial de juízes no Brasil equivale a 15 vezes a média salarial nacional. Na Europa, é quatro