(Foto Alan Santos/PR)
Antes só do que mal acompanhado, pode estar se dizendo o presidente da Argentina, Mauricio Macri. Há pouco mais de um mês, o acordo Mercosul-UE era a bala de prata para ampliar as chances de Macri na disputa com a chapa Fernandez-Kirchner. Como noticiou Os Novos Inconfidentes, Bolsonaro fez de tudo para ajudar o colega, inclusive acelerar as negociações a tempo de fechar o tratado antes das eleições.
As pesquisas argentinas mostravam os dois candidatos então tecnicamente empatados, com ligeira vantagem para a chapa oposicionista. Com o apoio ostensivo de Bolsonaro, a ideia era desempatar o jogo e Macri esperava, naturalmente, que fosse a seu favor. No entanto, as primárias chegaram e a chapa kirchnerista não só ganhou, como o fez com uma vantagem que seria impensável naqueles dias em Bruxelas.
O que aconteceu de novo de lá para cá foi justamente esse apoio onipresente de Bolsonaro a Macri. Que deve ter chegado à Argentina junto ao restante do noticiário sobre o presidente brasileiro – a cobertura internacional não tem perdoado suas despropositadas manifestações sobre meio ambiente, cultura e segurança pública ou suas ideias sobre trabalho infantil e tortura, entre outros temas polêmicos.
A questão vale mais um ditado: diga-me com quem andas, que eu te direi quem és. Pode ser que o eleitor argentino não tenha simpatizado com os novos amigos de seu presidente. Motivos não faltam: ao acusar o eleitor de Fernandez/Kirchner – uma respeitável maioria de 42% a 37% – de optar pela “esquerdalha”, Bolsonaro compra uma briga com mais da metade da Argentina e atrapalha de vez a vida de Macri.